terça-feira, 10 de maio de 2011

Fria e cínica

Marina mais uma vez se via só. Eles continuavam a ignorá-la, e aquela consideração que antes parecia não ser plausível de dúvida, agora era questionável. Desprezo, indiferença. Era só o que recebia. O mundo era cada vez mais feio, as pessoas cada vez mais falsas, as mascaras belas e requintadas caiam, as palavras de carinho, agora eram silêncio, e os olhares que sorriam, e falavam sem dizer nada, agora miram em outra direção, como se nunca o houvesse feito antes. A convivência antes prazerosa, agora era tortura, o que fazia bem agora era dor. Os dias passavam e com eles a frieza para seguir em frente também era preciso. Percebeu que pra conviver era necessário ser da mesma forma. Tomou pra si tudo que lhe rodeava , passou a agir tal qual presenciava. A frieza com que olhava ao seu redor, a ironia estampada no rosto, o sorriso cínico, o veneno a cada palavra dita. ( Ao contrário do que aparentava, não era burra, mas por ser bipolar sabia ser o oposto do que sentia.) Apesar de ainda ter aquilo que pra eles não tinha mais importância, preferia não dizer, nem fazer nada além de observar e saber a hora e a coisa certa a dizer. ( Cada um tem o que merece, colhe o que planta!) Mesmo que por dentro sofresse, por não ser tal qual agora se fazia ser, chorava e se perguntava porque tanto respeito por quem não cuida nem dos seus. Marina ainda era a mesma que saiu de casa disposta a descobrir o mundo, assustada, curiosa, e  amável . A cara fechada era só pra espantar qualquer que se aproximasse, nos olhos havia doçura, medo, e a esperança de pensar em função do outro e que esse fosse da mesma maneira. (Quanta idiotice! Quem vai se importar com o que tu pensa? Quem liga? Aprende que ninguém nessa vida não adianta fazer nada por ninguém porque tu nunca vai ter ninguém que faça por ti!) Quanto mais pensava nisso, mais lembrava daquele que marcou. A vontade que dava de sumir, fugia de toda descrição. Por vezes, ia pro mar, admirar a força com que a água batia nas pedras, força que queria tanto ter. Chorava e criava coragem pra continuar vivendo depois dali. A tarde caia, o sol se escondia, e fazia lembrar que era hora de voltar pra casa, mais uma vez, recomeçar...

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