segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dia após dia

 Agora ela tinha amigos. Alguns da vida, outros do passado. Os mais antigos , são os menos desleiais, os novos, superficiais. Algo em comum, um humor,algo que lhes e quando interesse,  mas nada se compara àqueles há anos sabem de seus defeitos. Esses raramente causam dor, decepção. Era assim que ela se sentia a cada dia passado e a cada conversa que antes fazia parte, ( e as vezes mais que qualquer um) agora sem sua ausência ser mais notada. Marina era muito bipolar ( tri- ou quadripolar) as vezes aquilo não chegava nem perto de atingí-la, passava num piscar de olhos, dava vontade de rir , passava como o vento, o mesmo vento que remetia à sua infância e só trazia coisas boas. As vezes era mais fácil preferir  ficar só, sorrir só. ( Lava essa cara, se pinta, se perfuma, se ajeita.) Agia como se não sentisse, como se não se importasse. As vezes ser fria era bem melhor e ajudava a sorrir mais, depois de duas doses.  Mas em dias pouco comuns, aquilo doía e a solidão aumentava. Aqueles que faziam parte da sua vida antes, já não tinham mais as mesmas conversas, e só restava conviver com aqueles que por vezes a rejeitavam, (talvez por causa daquela cicatriz do lado esquerdo) mas que em bons momentos despertavam a menina que se escondia quieta. Na maioria do tempo ela sorria e os fazia sorrir, mostrando  o que era além de peito e bunda, mas não continuou assim. Sua importância desapareceu, e ela estava cada vez mais sozinha. O que antes era sinônimo de amizade, agora era silêncio. E a distância só aumentava. Os assuntos discutidos já não era mais preciso ela saber, nada mais precisava ser compartilhado, e assim ela aprendeu duramente a não ter mais  com quem conversar, ou se desligar da vida que levava. Eles cada vez mais unidos, e ela ficava cada vez mais cedo sozinha com seus medos, anseios e sonhos. Voltar  depois de cada noite para aquilo que chamava de casa era cada vez mais deprimente, e ver o quanto aquilo corroía por dentro era pior. Dai, os únicos  que nunca a abandonavam ( ao menos que estivesse vazia ) era uma garrafa de whisky, e um cigarro, que a faziam esquecer do dia que tivera. Esses estavam sempre lá, prontos pra suportar e aliviar tudo aquilo que que de porre seria esquecido. Era tudo que ela precisava. Esquecer depois de ter sido esquecida. E mais um dia anunciava sua chegada, e mais uma vez era hora de recomeçar. Fazer  cara de tudo bem, ser indiferente, mas não completamente por gostar, e em consideração ao que ficou. Era hora de olhar pra todos eles, esperar  a rejeição ( ou não) e continuar sorrindo, chorando, dançando, correndo, dando, bebendo, fumando... vivendo!

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