domingo, 8 de maio de 2011

Conto de fadas só em livros.

Contos de fadas é pra quem tem pensamento fraco , e não atinou pra realidade dura e feia que em que vive.
Não digo sonhar alto, digo se desvincular da verdade. Acreditar que tudo é lindo, que as pessoas sempre são como aparentam ser,( pelo menos aquelas que se fazem de boas, solidárias e simpáticas o tempo todo) é burrice.
Ninguém consegue se mascarar o tempo todo, uma hora ela cai, e sinceramente, é muito mais digno fechar a cara e dizer que não gostou de fulano pelo fato de ele ser completamente idiota do que se fazer de boa pessoa, se por dentro o desprezo corrói. É o mesmo que gostar de alguém por interesse, e se fazer de apaixonada.
Se gosta, diz que gosta, se é só isso que atrai, procura alguém que busque somente atração também. É mais honesto se prostituir do que estar com  alguém por dinheiro. (As coisas acontecem da mesma forma..prazer por dinheiro, ponto!) Reconheça o que é, vista a camisa e dê a cara à tapa! (Ou será que a coragem só aparece na hora do faz de conta?! Talvez nem coragem pra fazer isso tenha.. talvez seja um impulso, e um objetivo maior que dê o 'start'.) Com Marina acontecia assim. Tinha alguém com tivera um caso, mas a ambição tomou conta da menina doce que corria no quintal de casa brincando com o irmão. Agora o mundo afora, as grandes cidades, os prédios, as luzes, a música, era tudo que ela queria. Marina agora vivia no luxo, na luxúria, e tudo mais que o dinheiro podia lhe dar. Homens, festas, roupas, dinheiro. Em uma noite só ela perdia a conta de quantos a tocavam, e quantas vezes já tinha ficado bêbada. Aquela menina meiga e de olhar doce havia sumido. Ou talvez estivesse quieta, assustada e calada num canto em meio toda aquela bagunça.
Após cada noite mal dormida (quando dormia) se perguntava o que fazia naquele quarto velho, fétido, melancólico com seus lençóis sujos, que tantos já haviam se deitado, e como foi parar ali. Se pegava pensando naquele que fez parte do seu passado. Lucas foi o primeiro amor de Marina e primeiro homem também. Ele sabia do que ela gostava, tinham muito em comum, mas fazia questão de agir como se não fizesse diferença ela estar lá ou não. Às vezes enquanto conversavam, ele mostrava algum ligeiro interesse sobre ela, e depois ele simplesmente a deixava. Retornava, e era sempre assim, esse ciclo vicioso que fazia com que Marina não conseguisse se soltar daquelas cordas que a deixavam imóvel e submissa a qualquer vontade de Lucas. Apesar de conhecê-la , e ter se deixado apaixonar por uma garota (com aquela cicatriz horrível no lado esquerdo do corpo) que se vestia mal e sorria engraçado, se negava a aceitar tal fato e se render nos braços dela. Sabia que seria um caminho sem volta, uma vez que se entregasse, não conseguiria mais sair dali.
O que incomodava de verdade, era o fato de Marina ser como era e ter  invadido sua mente. E esse tal amor que os hipnotizava  e fazia os corpos se tornarem um só, numa dança estranha seguida de choro e despedida, simplesmente sumiu. (É! Simples e direto como a palavra..sumiu! ) Agora ela era do mundo, sem apego por ninguém. Seus amores de uma noite, só duravam uma hora ou enquanto a bebida fizesse efeito.( Pra ela, todos se chamavam “Lucas”.)
E lá estava ela mais uma vez se perguntando e imaginando “Se ele não tivesse ido, como seria agora?! Eu seria feliz? Será que ele me amou...será que ele ainda lembra de mim...” ( Por que pensar nisso agora? Eu vivo como quero, tenho quem quero, e ainda ganho pra isso. Foi assim que eu escolhi e é assim que  vou continuar vivendo.) As lágrimas que percorrem seu rosto sujo e cansado, se misturam com soluços e gritos de desespero que são a soma do que havia guardado em seu peito. O nojo, a repudia , o desprezo, e a raiva ao se olhar no espelho, faz lembrar que mais uma noite está por vir e o dia apenas começou. É hora de esquecer tudo que ficou pra trás, olhar pra frente, lavar o rosto, e encarar o mundo lá fora com o mesmo desprezo que se trata alguém de que não gosta (simplesmente pelo fato de ser completamente idiota). O mundo pra ela fica mais fácil assim...apenas cifrões, luzes, roupas e bebidas. É só o que interessa, (que se dane o resto do mundo) os hipócritas que fazem de conta que não sabem o que as filhas fazem andando pela madrugada( entre outras, drogada, bêbada e nua) que consumam do mesmo produto que produzem. Que os filhinhos que as mães tanto amam, sejam fêmeas entre os machos. Essa é a vida dela. Um beco, um quarto, uma rua , um carro. (Era uma vez um coração, uma alma e um perdão) Sem temer, sem apego, sem elo, tudo que ela vê agora é (im-) perfeição.

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